segunda-feira, julho 23, 2007

No último debate sobre o estado da nação, dois temas chamaram especialmente a minha atenção.
Um deles, traduziu-se na garantia dada pelo Primeiro Ministro de que não haveria revisão constitucional, com vista a possibilitar o despedimento individual por motivos políticos ou ideológicos.
No mínimo, o simples aparecimento deste tema no debate político, pressupõe existir um caminho já percorrido, cujas sementes começam a germinar e a abrir espaço à ousadia saudosista e reacionária.
Até aqui nada de novo, há muito se vem sentindo que o terreno tem vindo a ser aplanado pela indiferença, quando não, pela cumplicidade de uma certa esquerda hipotecada.
Preparem-se concidadãos para mais tarde ou mais cedo, talvez mais cedo do que tarde, verem instituído e legalizado o despedimentpo por motivos políticos ou ideológicos, porventura pela mão dos infiéis filhos do Partido Socialista, degenerescência que teve o seu início no preciso momento em que julgaram útil adjectivar de democrático os princípios e ideais do socialismo do seu fundamento.
A natalidade foi o outro tema abordado pelo primeiro ministro que, sem rogo, avança com o anúncio de medidas ditas de carácter social, normalmente apresentadas por governos de direita, mas que ficam bem a este governo, pois dela não difere muito, que paradoxalmente contrariam de certa forma o recente resultado do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez.
Dir-se-á que uma coisa não impede a outra, com o que de certa forma concordo, não deixando no entanto de olhar esta questão da natalidade e a necessidade da alteração do estado actual das coisas, numa perspectiva que vai muito para além do desdém perante o sublime desejo de procriar.
Não há prestação social ou preestações sociais que consigam fazer atenuar a dureza e a angústia daqueles que estão no desemprego e, certamente, ninguém no seu juízo perfeito e na situação de trabalho percário tem vontade de fazer filhos.
Resolvidos estas questões e outras associadas ao nascimento de cada filho, é o carácter, a dignidade e especialmente o direito à felicidade que resolverá o problema da natalidade.
Se não sabem ou não querem mais, não insultem as mulheres, as porcas compram-se e vendem-se nas feiras.
È neste quadro de aberrantes legitimidades, que Alberto João Jardim diz do alto da sua omnipotente justiça, à margem do País que lhe dá de comer e que ele espolia, na Madeira não se faz interrupção voluntária da gravidez.
As autoridades da República, a começar pelo mais alto magistrado da Nação, aconselham por uma lado a que as mulheres madeirenses venham parir ao continente, não dizem contudo quem paga as despesas, por outro, que recorram aos tribunais para exigirem o cumprimentos dos seus direitos.
Num estado de direito onde é suposto que as leis são para cumprir, é sempre possível que um louco qualquer entenda que isto não é nada com ele, mas somos todos loucos ou descendemos de pilatos?

quinta-feira, julho 19, 2007

A CONSTITUIÇÃO E A SAÚDE

Bom, como não é possível a um qualquer tiranete despedir-me em razão das minhas opiniões, resta-lhe o toque à laia de analfabeto funcional escusando-se ao cumprimento educado das pessoas e o gesto magnânimo e poderoso do lápis azul no protocolo.


Era minha intenção escrever sobre esse evento inócuo de cariz suburbano que foi o congresso da Associação Nacional de Municípios, acontecido recentemente no paraíso Açoreano.
Aguardará próxima oportunidade, sem demora naturalmente, mas por ordem à importância.

Por agora detenho-me num articulado de Manuel António Pina publicado no Jornal de Notícias do dia 20 de Junho de 2007.
Faço-o porque ao ler regularmente as considerações deste articulista no Jornal de Notícias, naturalmente aceites e conceituadas pela respectiva redacção, deixo-me elevar ao patamar daqueles a quem falsas modéstias não enquadram a personalidade nem o carácter.
É perante esta evidência dada à estampa num grande jornal nacional, que revejo contributos e denúncias por mim assumidos/as em tempo oportuno, cujo mérito ouso não recusar, apesar dos limites reais que reconheço à sua publicitação.
Mas o tempo, nesta como em outras matérias, tem-se encarregado de dar conteúdo e significado às reflexões que convosco tenho partilhado e que representam a única e mais gratificante forma de nos encontrarmos para a procura da verdadeira verdade solidária.
Recorrentemente tenho destacado a área da saúde para denunciar os atropelos aos direitos mais elementares dos portugueses, simbolizados em enormes sacrifícios da população mais carenciada e na próspera ascensão do negócio privado que, políticos institucionais e sem carácter nunca questionam, mascarados de anjos da solidariedade socialista.
Cercados pela falta de inteligência destes (i)responsáveis políticos, cujo único objectivo é o poder, forma última de adubação dos seus próprios umbigos e engenho à perseguição, somos enganados na volúpia de palavras decoradas que disfarçam mal as limitações da sua soberania intelectual.

“Depois dos fechos de urgências, maternidades e SAP, da redução das comparticipações nos medicamentos, a machadada final no SNS vem aí.
Sobre um relatório efectuado: Aí se conclui que o que a Constituição prescreve sobre o direito à saúde dos portugueses é, à semelhança de outros direitos sociais, letra morta para o actual PS (Partido Socialista).
Várias especialidades já desapareceram do SNS, como dentistas, oftalmologistas, ginecologia e cardiologia.
Prevê-se o fim da ADSE e demais subsistemas de saúde, o fim de isenção de taxas moderadoras, o fim da consideração em IRS de despesas com saúde, etc.

NÃO DEIXA DE SER IRÓNICO QUE SEJA UM GOVERNO PS O CANGALHEIRO DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE. Fim de citação”

No mesmo jornal (dia 28), António Arnaut tece considerações à forma como um Governo do Partido Socialista avança rapidamente para a criação de um SNS para pobres, fazendo alterações que violam ostensivamente o texto constitucional e o seu ordenamento jurídico.
Afirmando-se indisponível para aceitar deste governo a implementação de medidas que nunca a direita conseguiu impor, António Arnaut considera que convive com um problema “ser de facto socialista”.
Quanto a mim António Arnaut não tem só um problema, tem dois, sendo que o segundo e o mais importante, é o facto de ele não querer sair do quadrado partidário, o sítio onde existe a mama.
As declarações feitas por estes dois cidadãos só pecam por tardias, quando é certo que o autor destas linhas há muito as denunciou.
Sofrendo orgulhosamente o mesmo problema de Arnaut, não aceitei todavia continuar a caucionar este partido que já não é socialista.
Chamo à liça a história do afastamento da directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, não para discutir a questão em si por não ser relevante no contexto de sujidade em que toda esta gente se movimenta, nem tão pouco a nova escola de bufos, mas para manifestar a minha estranheza pelo facto de um ilustre deputado do circulo, instado a pronunciar-se sobre o assunto, ter tido um comentário único e deslumbrante: “não foram os deputados do Partido Socialista que mandaram o despacho do ministro à Lusa”.
É absolutamente nítida a necessidade de fazer crer aos seus pares que os deputados visados não pularam as linhas do quadrado, são bem comportados.
Bom, como não é possível a um qualquer tiranete despedir-me em razão das minhas opiniões, resta-lhe o toque à laia de analfabeto funcional escusando-se ao cumprimento educado das pessoas e o gesto magnânimo e poderoso do lápis azul no protocolo.

quarta-feira, julho 18, 2007

Eleições Autarquicas em Lisboa

É hoje evidente que o voto já não é a arma do povo, disso já se terão apercebido os Lisboetas que se decidiram pela abstenção.
Tal como se nos apresenta o panorama político português, torna-se urgente provocar a ruptura com esta politica do desleixo e partir-se para uma efectiva revolução nas mentalidades.
Cerca de 400 mil eleitores Lisboetas decidiram conscientemente não ir a votos.
Esta manifestação de cidadania deveria servir para que o resto do país, obviamente muito menos politizado do que as gentes da capital, ponderasse no sentido politico que teremos necessariamente que escolher, sob pena de paulatinamente fazermos um rápido regresso ao tempo do estado novo.
Um Presidente da capital do país ser eleito com cerca de 10% dos votos dos cidadãos recenseados, reflecte um tal estado de indiferença para com a coisa pública, que se pode afirmar sem cerimónia que o funcionamento das instituições é já ilegitimo.
Disse Jorge Coelho no programa Quadratura do Circulo da Sic Notícias que o episódio dos autocarros enviados a Lisboa para a festa da vitória e da substituição foi um momento de infelicidade.
Compreendo e conheço bem o seu tique de toureiro partidário, mas não se tratou de uma infelicidade, tratou-se de uma atitude contra a opção dos cidadãos de Lisboa, com todos os condimentos de um gesto anti democráti com roupagens de afrontamento reacionário.
Com esta mobilização tão pronta e tão especial, o Sócrates que se cuide, pois um dia acordará a pensar que é primeiro ministro, mas já não é, graças à acção de um grupo de excursionistas vindo da terra dos pardaus em demanda da capital.
Já só falta oferecerem as sapatilhas como no tempo da outra senhora.
Esqueçamos os excursionistas de Cabeceiras para não corarmos de vergonha e lembremo-nos da posição dos Lisboetas, apesar de serem os mais bem pagos do País.

PS. O Presidente do PSD disse em entrevista televisiva, nomeando alguns combates que parece tem vindo atravar com o governo, embora sem que nos apercebamos de tal façanha, que é preciso fazer isto na área da educação, aquilo na saúde, aqueloutro ns justiça, etc..
Das duas um: ou é parvo ou quer que nós o sejamos. Onde é que ele esteve até há dois anos atraz? Que fez ele? Porque grita agora?