domingo, maio 17, 2009

MANUEL ALEGRE, O HÁBITO E O MONGE

Em 8 de Dezembro de 2008, escrevia eu:
“ Uma outra questão que me tem causado alguma irritação epidérmica, prende-se com este faz que chuta e não chuta do deputado socialista Manuel Alegre.
Do meu ponto de vista Manuel Alegre não quer implodir nada, não quer resolver problema nenhum, não quer formar novo partido nem movimento que se confronte com o partido socialista.
Quanto a mim, Manuel Alegre confronta-se com o feliz e justificado acaso de ter conseguido um milhão de votos nas eleições presidenciais.
Perante este desiderato, colocou-se-lhe desde logo a questão fundamental da obrigação ética e moral de ter que lidar com este percalço.
As posições que vai assumindo, não são mais do que a necessidade de conjugar os votos esquerdistas que obteve com a preservação do estatuto que tem no PS e não quer perder.
Não consigo compreender e ajustar à minha forma de ver a politica, este posicionamento dúbio que o leva a colocar-se em posições de afrontamento ao seu partido, sabendo que os seus gestos são meras sessões de fogo de artifício e que as declarações de voto são as respectivas canas.
A menos que Manuel Alegre se satisfaça em confundir “a trova do vento que passa” com “a trova do tempo que passa” estamos perante um sinal evidente de falta de coragem politica, a que alguns chamarão de fidelidade ao partido, face à incapacidade que mostra para dar o passo em frente, rumo à transformação da retórica.
Será que Manuel Alegre quer voltar a candidatar-se à Presidência da República?.. e, perante a evidente necessidade do apoio do Partido Socialista para ser eleito, desperdiça o tempo útil do seu tempo para não chegar a tempo nenhum? “

Finalmente, podemos recolher em sossego às alcofas dos nossos sonhos desfeitos.
Manuel Alegre, resolveu, de uma penada, desfazer as ilusões daqueles que pensaram que algo iria mudar, no reino sofisticado do nosso areópago político.
Intimamente, Manuel Alegre esperou sempre que a mão firme do seu partido do coração, permanecesse sobre os seus ombros e lhe indicasse o rumo, salvando-o de ínvios caminhos.
Muitos, não entenderão facilmente o que andou este ex candidato presidencial a congeminar ao longo destes tempos e porque terá, de forma tão ligeira, desbaratado o milhão de votos de pecúlio que tão oportunamente granjeou.
Afinal, pelo que disse, Manuel Alegre continuará alegremente a fazer de D.Quixote, contente por mostrar ao mundo que com ele não se brinca.
Á falta de consequências práticas, face às posições que tem vindo a assumir e que, afinal, percebemos agora, constituem o único meio de que dispõe para que tenha alguma visibilidade parlamentar, Manuel Alegre, impossibilitado de recuar em razão do circo que montou, acocorou-se perante o mandamento maior (o Partido) e mandou às malvas a obrigação de ser consequente e politicamente sério.
Ainda segundo ele, nada lhe foi prometido, nem seria digno exigir o que quer que fosse.
Quando se confundem princípios e valores com tacticismos de poder, estamos sujeitos a que um qualquer ponha em causa o nosso carácter, como aliás o fez José Lello em relação a Alegre. Dói, mas, de quando em vez, pomo-nos a jeito.
Espero para ver quantos alegristas aparecerão nas listas de deputados em sua substituição.
Manuel Alegre quer ser de novo candidato à Presidência da República, agora, com o apoio do Partido Socialista.
Creio até, que toda a trama por ele urdida, teve sempre como primeiro e único objectivo as próximos eleições presidenciais.
Há um porém, um sério porém, o povo que deu generosamente um milhão de votos a Manuel Alegre, fê-lo em circunstâncias de denotavam então uma necessidade objectiva de castigar o candidato do Partido Socialista, escolhido sem qualquer sentido de utilidade e como um gesto de politica de caserna.
Pressinto que o mesmo acontecerá a Manuel Alegre, quando se nos apresentar em nova disputa eleitoral, momento único e irrepetível para que o povo o castigue pela sua maldade.