terça-feira, dezembro 16, 2008

FADO E VIRA DO MINHO

Lisboa foi o lugar escolhido para mais uma iniciativa das " Fórum das Novas Esquerdas".
Imaginem que a capital e centro político do país trocava o Fado pelo Vira do Minho e que Manuel Alegre ousava contestar e confrontar o seu partido, na forma recorrente como o tem vindo a fazer.
Fár-se-ia sentir uma forte influência da distância e a brisa do norte encarregar-se-ia de lhe instaurar um processo disciplinar com vista à expulsão do partido, acusado do pecado capital de conspirar e de ousar desrespeitar o unanimismo e a lei da rolha.
É um problema de cultura política que as serras não nos deixam ganhar.

domingo, dezembro 14, 2008

TODOS A MONTE E FÉ EM DEUS...

Como é difícil ser padre numa freguesia destas!...
José Sócrates avançou com um conjunto de medidas, disponibilizando uma verba considerável para incentivar a criação e manutenção do emprego, bem como, ajudar as pequenas e médias empresas a enfrentarem com menores sobrecargas este desconchavo mundial para o qual um conjunto vasto de cidadãos especialistas em fraude nos atiraram.
Importa fiscalizar a sua aplicação, d’outro modo o dinheiro chega ao sítio do costume, os bolsos de alguns.
Perante um quadro de absoluta catástrofe e, jogando com a circunstância de 2009 ser ano de eleições, importantes corporações profissionais, fazem questão de baixar ao nível ao qual afinal pertencem, para colocarem o governo perante reivindicações que, pelo seu absurdo quanto à oportunidade e conteúdo, deixa essa grande fatia de portugueses que sentem especiais dificuldades em sobreviver, invadidos por uma sensação de traição face ao despropósito das exigências de professores, médicos e magistrados do ministério público.
Qualquer destas classes tem pouca legitimidade, para não dizer nenhuma, para exigir do governo que lhe satisfaça as suas desmesuradas ambições de privilégio e, merecem, da parte da população o maior repúdio, face às dificuldades que todos sentimos neste momento difícil e que, as atitudes corporativas que representam, manifestamente ignoram.
Mais, há reconhecidamente desempenhos que roçam por vezes a falta de ética profissional, o desleixo e incúria no exercício daquelas actividades, pondo-se em causa a prestação de serviços públicos essenciais e bem pagos pelos contribuintes, que, em retorno não são tratados com cidadãos com direitos.
São absolutamente despropositadas e insultuosas estas principescas exigências num país de carências múltiplas, tanto mais que, basta olhá-los e olhar os seus sinais exteriores de riqueza para percebermos a prosperidade dos respectivos negócios.
Que ensino temos? Que saúde temos? Quem são os principais coveiros do SN Saúde? Que justiça temos? Quem é que não administra a justiça?

segunda-feira, dezembro 08, 2008

VALE TUDO....

1. Há uns dias, ouvi o Procurador Geral da República pronunciar-se cautelosamente sobre eventuais prejuízos para o processo judicial em curso “operação furacão” com a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à coisa BPN.
Notou-se algum desconforto na abordagem deste tema por parte do PGR, isto porque, naturalmente, o seu raciocínio não andará muito distante daquele que todos nós fazemos quanto à utilidade destas comissões.
A poltiquice “o politicamente correcto” e as razões óbvias, impedem-no de dizer que as comissões que emergem da Assembleia da República, servem essencialmente para que nunca se apurem responsabilidades, gerando sistematicamente conclusões que não esclarecem e que, a verdade e a mentira ficarão para sempre sepultadas no subsolo da casa que se diz ser do povo.
Sempre que os distintos deputados resolvem imiscuírem-se nas questões da justiça, conseguem de uma só penada, aliás, não tenho razões para pensar de outro modo, meter uns grãos de areia no nosso empenado sistema judicial que agradece, e, simultaneamente, tratam com pinças questões incómodas, pensando sempre que ninguém sabe o dia de amanhã, hoje eles depois nós e, assim, uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto –quites -
Como se vem constatando, ex governantes aparecem-nos amiúde carregados de riqueza e de suspeitas, daí que segundo se fala, os poderes instituídos pensam em rever o regime de incompatibilidades, isto é, alargar o período de quarentena para todos quantos exerçam lugares decisórios como os de ministro, evitando-se assim, tarde e a más horas, que os sacrificados e tirocinantes governantes sejam convidados, ou cumpra-se o contrato, para lugares que os tornarão ricos em meia dúzia de meses.
Ficamos todos com a ideia, pelo menos eu fico, de que, nos órgãos de poder, estão seguramente os mais capazes e mais inteligentes deste País, tal é a febre de recrutamento pelos bancos e grandes empresas, pena é que, com tão qualificada massa cinzenta, Portugal apareça aos olhos do mundo com elevados índices de corrupção e, quanto ao resto, um atraso de vida.
Observe-se o modo operativo daqueles que integrando órgãos de soberania “Conselho de Estado” , no caso o insuspeito membro do conselho de administração da sociedade lusa de negócios, que, saindo a terreiro na defesa legitima da sua honra, até queria ser ouvido rapidamente na Assembleia da República ( diacho... tem coisa…), nos diz agora que se a justiça o quiser ouvir terá que pedir autorização àquela Instituição. Quem diria… parece que perdeu o speed das primeiras horas…

2. Uma outra questão que me tem causado alguma irritação epidérmica, prende-se com este faz que chuta e não chuta do deputado socialista Manuel Alegre.
Do meu ponto de vista Manuel Alegre não quer implodir nada, não quer resolver problema nenhum, não quer formar novo partido nem movimento que se confronte com o partido socialista.
Quanto a mim, Manuel Alegre confronta-se com o feliz e justificado acaso de ter conseguido um milhão de votos nas eleições presidenciais.
Perante este desiderato, colocou-se-lhe desde logo a questão fundamental da obrigação ética e moral de ter que lidar com este percalço.
As posições que vai assumindo, não são mais do que a necessidade de conjugar os votos esquerdistas que obteve com a preservação do estatuto que tem no PS e não quer perder.
Não consigo compreender e ajustar à minha forma de ver a politica, este posicionamento dúbio que o leva a colocar-se em posições de afrontamento ao seu partido, sabendo que os seus gestos são meras sessões de fogo de artifício e que as declarações de voto são as respectivas canas.
A menos que Manuel Alegre se satisfaça em confundir “a trova do vento que passa” com “a trova do tempo que passa” estamos perante um sinal evidente de falta de coragem politica “a que alguns chamarão de fidelidade ao partido” face à incapacidade que mostra para dar o passo em frente, rumo à transformação da retórica.
Será que Manuel Alegre quer voltar a candidatar-se à Presidência da República?.. e, perante a evidente necessidade do apoio do Partido Socialista para ser eleito, desperdiça o tempo útil do seu tempo para não chegar a tempo nenhum?