quinta-feira, janeiro 10, 2008

OS GLUTÕES

Tocou a rebate a sineta lá para os lados do Largo do Rato.
A hora era de grandes e importantes decisões, pelo que havia que reunir os cinzentões do Partido Socialista. Convirá referir que a cor pretende simbolizar os glutões, já que tirando meia dúzia de convivas, os restantes nunca abrem o bico nestas reuniões magnas, basta-lhes o sim.
Era vê-los nas auto estradas rumo à capital, como quem pretende arranjar um lugar na frente para não perder pitada.
Finda a pacífica confraternização, abanada quanto baste pelo dissonante acidental, mas pouco inocente, José Seguro, ficou a sensação do dever cumprido.
Imagino a vibração das palmas quando Almeida Santos, ao melhor estilo imbecil, proclama que não deve haver referendo sobre o tratado constitucional (ou tratado de Lisboa) porque os portugueses não percebem sequer do que se trata.
Pobres e burros portugueses e restantes europeus, que se confrontam com a cruel realidade de terem que aceitar que vinte e sete patifes inteligentes, tenham alcançado a glória do saber eterno e único, transformando milhões em refinados mentecaptos.
O unanimismo que resulta desta como de outras reuniões políticas (excepção feita no caso a António José Seguro + seis da JS), revela-nos quanto cómodo é sorver os néctares do poder.
Manuel Alegre, que primou pela conveniente ausência, fez festa nos corredores da assembleia ao manifestar a sua posição em favor do referendo, forma engenhosa de ter um pé dentro e outro fora (com um simples fato preto, nunca me comprometo).
Para mim, isto é como a lei do tabaco; quem não está bem muda-se... mas… como se diz quando se comem marisco… é tão bom sabe tão bem!… e como dizia um amigo meu oriundo lá do Marco de Canavezes acerca do dinheiro; são tão bonitos estes cavalinhos ( nas notas) e… não falam!…
Confesso-vos que ainda não li tratado nenhum, embora tenha os meios para poder fazê-lo. Não me apetece. Faço parte daquele grupo de ignorantes que não têm assento junto dos autómatos que de vez enquanto se reúnem, em nome do partido socialista, em produtivos ajuntamentos e melhores ceias. Não falta nada…
Toda aquela gente (quanto unanimismo?) acertou as horas pelo relógio socrático e, em uníssono, dizem que não referendam o tratado de Lisboa porque este partido socialista se tinha comprometido com o outro, o tratado constitucional. Ora, repudiando a insinuação de que o nosso Primeiro tenha sido obrigado a dar o dito por não dito, por pressões da França, da Alemanha e do Reino Unido, concluíram aqueles inteligentes, lambuzados e talvez outrora socialistas, que aqueles tratados são de natureza e substância diferentes.
Estes são a guarda avançada e obsequiante dos tais vinte e sete que tudo decidem em nome de milhões de europeus e que negam a cada um de nós o direito de discutir a ditadura das suas decisões.
Chamem-lhe democracia!?...

SEMPRE A ABRIR....

Aí temos 2008. Ano Novo com vícios velhos.
Ainda sou do tempo em que o Partido Socialista batia no governo, ao caso no de Durão Barroso, por causa da cessação do juro bonificado para compra de casa pelos jovens.
Durão Barroso abalou, Santana espreitou, Sócrates ganhou e do juro, que já foi bonificado, nunca mais se falou.
Passado o tempo necessário para que se verificasse a morte do assunto, joga-se de novo com o futuro. Aí temos mais uma medida que contraria a lógica do discurso, à medida que vai encurtando perspectivas à nossa juventude.
Refiro-me à “Porta 65”, mais comummente conhecida como subsídio de renda aos jovens.
Adivinho, pelo uso e abuso do termo, estarmos perante mais uma situação que requer a tal equidade tão benquista deste governo e deste primeiro ministro.
Pelo que se vai conhecendo das novas disposições da lei, afigura-se-me correcto presumir que deixou de fazer sentido considerar-se o subsídio de renda como um apoio perante as debilidades económicas dos jovens.
Agora, para além de ser condição necessária arranjar casa a preços absolutamente disfuncionais com a realidade do país, acrescenta-se uma outra a que se passou a dar o nome de taxa de esforço.
Numa conjuntura de emprego de autentica tragédia, não consigo, uma vez mais, entender a estratégia deste governo, deste socialismo que determina a exclusão dos jovens que não tenham um rendimento que cubra suficientemente a exigida taxa de esforço.
Trata-se de mais uma medida unilateral e de carácter ditatorial, porque, o governo se arroga no direito de dizer a um jovem “não tens dinheiro para comer e para a casa, nós decidimos que comerás com o dinheiro que tens e vais morar para debaixo da ponte”.
QUANTA TRAIÇÃO…
Enquanto isto, discutimos questões de aeroportos e de bancos e, até ouvimos o Presidente da República dizer que há grandes distorções salariais porventura numa mesma empresa, (que tirada de coelho da cartola) revelando-nos, vejam só a novidade, que os salários dos administradores são incompatíveis com os magros proventos da generalidade dos trabalhadores.
Perante este estado de consciência, torna-se fácil perceber o meu amigo que me dispara numa conversa: “mas… eles também estão a f… alguns grandes”.
Espeto-lhe umas tantas… e despeço-me com a amizade de sempre e o perdão pela sua ignorância. O fascismo só lhe permitiu que aprendesse a ler e a escrever, mas… pouco.
Este meu amigo é um daqueles outros que sustentam a canalha política e a traição. Os jovens continuam atirados para o fim da linha das opções.
Por falar em bancos e pondo de parte a vergonha do sumo da discussão, há coisas que são tão óbvias que só a cegueira da ignorância e o exacerbar dos interesses nos limitam o horizonte da análise prática.
Em traços largos, temos uma possível situação de corrupção e opacidade na gestão do BCP. O governador do banco de Portugal, chama os gestores e diz-lhes: ou vocês largam o banco ou vão todos dentro.
Perante a nudez do escândalo, a Opus Dei procura abrigo junto do estado. Neste estado mora também a Maçonaria. Esta organização avança sobre o BCP.
Mas isto para mim são questões menores. Que me interessa o BCP ou a CGD?... Os únicos interessados nestas mutações são exactamente aqueles que se recusam a dar lugar aos jovens.
Estamos na antecâmara de mais uma longa e escura noite com artífices novos de espírito velho. Salazar também só foi embora quando caiu da cadeira.
Quando tanto se fala de jovens licenciados no desemprego, impõe-se perguntar se não os há com qualidades e capacidades para integrarem as administrações destes bancos? Será que são todos burros?
Não. O problema é a turba CENTRAL que nos mina até ao tutano e nos migalha a ambição.


PS: Bem prega Frei Tomás sobre
a sustentabilidade da segurança social;
o Presidente da República tem reformas
de cerca de 2.000 contos. Acrescente-se
agora o salário de Presidente…