sábado, outubro 27, 2007

AJOELHADOS

José Sócrates já percebeu que se cumprir a promessa feita e referendar o agora chamado Tratado corre sérios riscos de sair derrotado.
Os portugueses, pese embora já serem chamados de burros, sabem que não há alternativa credível quanto às políticas internas, daí continuarem a dar a Sócrates e ao PS vitória em hipotéticas eleições legislativas.
Sócrates está com dificuldades maiores do que Filipe Menezes em fugir à palavra dada, já que, sendo ambos aldrabões um está no poder e o outro procura-o.
O convertido Vital Moreira, voz oficiosa do PS para questões pouco claras, provou, gostou e ficou a fazer parte da pleia de atachados que comem à mesa do orçamento, já veio a público com solução milagrosa para resolver a falta de ética e de vergonha do Partido Socialista.
Não se referenda o Tratado de Lisboa conforme prometido, mas, faz-se um referendo e pergunta-se ao povo se quer sair da União Europeia.
É evidente o aspecto sujo da pergunta e qual a intenção. Castigado o povo sucessivamente com o papão do descalabro do país, do aliciamento com dinheiros fáceis, do isolamento a que ficaremos votados se abandonar-mos a União Europeia, é mais fácil conseguir o desejado SI M e tudo fica resolvido.
Para além da nossa periferia, quanto a sermos europeus só se for carne para canhão.
A acrescer a tudo isto, temos agora um tal Filipe Menezes, presidente do PSD, que manda às malvas compromissos assumidos em nome do partido que agora dirige e prepara-se para lançar fertilizante no tal CENTRÃO, alinhando afinal pela demagogia mais primária (só para fazer diferente) e prepara-se também para negar o referendo que o seu partido assumiu.
Somos um país de grandes desigualdades e, para quase tudo, somos o carro vassoura da União, salvaguardados os aspectos que não interessam a ninguém, de entre os quais se destaca uma eficaz gestão da pobreza.
Para gerir os piores indicadores da União, serve qualquer badamecas.

quinta-feira, outubro 25, 2007

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sábado, outubro 13, 2007

E VÃO OITO SÉCULOS DE HISTÓRIA

Há tempos, o escritor português José Saramago, disse alto e bom som que Portugal é um país inviável e preconizava a sua integração na Espanha.
Esta ousadia de José Saramago foi considerada por alguns uma afirmação sem qualquer sentido, até mesmo um absurdo.
Perante isto e porque não se trata de um homem que procura protagonismo fácil e ainda porque a ideia nem sequer é nova, julgo ser importante uma meditação séria sobre o futuro destes dez milhões instalados num rectângula que não consegue sustentar mais do que a metade.

Que Portugal não tem saída é para mim um dado adquirido há muito tempo e expresso claramente nestes meus escritos que vos vou dando a conhecer.
É óbvia a incapacidade material de conseguir-se atingir um estado social e de satisfação individual que nos traga a dignidade necessária à nossa sobrevivência.
Sabemos, aqueles que o sabem…, que 25% dos portugueses se apropriam de 65% da riqueza produzida no país, logo há 75% quer vivem dos restantes 35%.
Estes 25% correspondem grosso modo a 2.5 milhões, sendo portanto evidente que aos outros 7.5 milhões sobra pobreza e falta a dignidade de cidadão.
Os governantes de Portugal, para além da já normal e global mentira política, escamoteiam deliberadamente a verdade sobre este dado basilar que é a certeza que no Portugal de hoje não cabemos todos.
Escolhidos naturalmente os nacionalistas patrióticos, aqueles a quem a nação protege e que vivem do trabalho a da miséria de muitos.
Numa recente entrevista, Medina Carreira classificou de incompetentes e sem qualidade os políticos que gerem o desastre que é este país.
País que ele chama de mentira, que vive da mentira e para a mentira.
Dificilmente poderemos subentender das suas afirmações outra coisa que não seja a inviabilidade de Portugal, qualquer que seja o ângulo de observação e a bondade da nossa esperança.
Exibiu números que não conheço, logo não discuto, que na sua óptica ilustram as dificuldades de o nosso país sobreviver a uma normal e democrática governação, observando que não basta a distribuição de computadores a granel.

Perante as críticas dirigidas ao governo e aos que este antecederam, dando enfoque claro e deliberado à incompetência dos primeiro ministro para as políticas de administração do país, seria imperioso e ético que este personagem dissesse de sua justiça quanto às alternativas que propõe.
Não o fez, limitou-se a traçar um quadro negro do nosso presente e da ausência de fé no futuro, a par de um apelo que me pareceu sentido quando desafia os portugueses para que percebam de vez a mentira que os cerca.
Portugal é um país da mentirinha, que recusa receber Dalai Lama por medo dos ditadores chineses e abre os braços a Robert Mugabe.
Porquê? Porque é que este homem diz tão mal de tudo e não apresenta uma única solução?
Simplesmente porque não a tem, porque não existe. Voltamos à questão: Portugal é viável?
Será que Saramago não tem razão?
Portugal é uma mentira, como diz Medina Carreira?
É, Portugal é de facto uma farsa. Terra de farsantes.