quinta-feira, abril 23, 2009

ORDEIRAMENTE...

2009, ano dos canídeos.
O ciclo eleitoral que se aproxima, com ida às urnas para o Parlamento Europeu, para a Assembleia da República e Autarquias, coloca o povo português perante a alta responsabilidade de aproveitar mais uma passeata de domingo que se prevê e deseja soalheiro.
É vê-los, nesse dia, vestidos com a armadura das ocasiões especiais, passo firme e decidido, a modos como quem vai fazer alguma coisa de jeito.
A maioria, ordeiramente convencidos de que chegou o seu momento de mandar, assumem aquela postura de gente responsável, aparentando uma espécie de destemor, que só a tremedeira da mão que segura a caneta os atraiçoará.
Eu sei, todos sabemos graças a Deus, que aquele dia de reflexão que antecede o acto decisório, é um suplício. Não porque nos seus cérebros tilintem campainhas de alerta ou porque esteja em causa qualquer escolha uni pessoal, mas sim porque não se consegue partir a trela que nos segura como canídeos.
As europeias serão sufragadas no início do Verão e, nada melhor, para resfriar um pouco as temperaturas dos crentes do que uma sensata e destemida candidatura sob a forma de dois em um, anunciada pela predestina candidata à Câmara do Porto, a independente Elisa Ferreira.
A isto se chama a independência da independente. Desapego quanto a lugares políticos.
Passo já por cima das legislativas, tanto mais que, de sorte em sorte, seremos certamente premiados com mais emprego, mais saúde, mais educação, mais equidade, mais solidariedade, mais bacalhau a pataco e… mais corruptos.
Neste figurino de garantidas certezas, cabe o plebiscito dos Presidentes para as Câmaras Municipais.
Estudos não realizados, garantem-nos com total fidelidade, que quando os dinossauros que ocupam o poder nos municípios, forem empurrados pela porta fora, os portugueses, ver-se-ão confrontados com o pior dos pesadelos, aqueles eucaliptos são insubstituíveis.
Estes figurões, que se preparam para levarem até ao limite do inaudito a sua permanência ao leme dos destinos dos municípios, conseguem a invejável proeza de reduzir os gravitantes à condição ínfima de incapazes. Ninguém é aproveitável.
Depois deles, só o deserto, o dilúvio.
Estamos perante situações semelhantes às vividas antes do 25 de Abril. A única diferença, não sei se melhor se pior, reside no facto de que antes eram nomeados pelo poder central, agora estamos perante a prática de auto nomeação (dispostos a contra gosto a mais um sacrifício - dizem).
Após a eleição no primeiro mandato, juram-se amores a todos e à democracia como quem ainda mastiga o pão da boda.
A partir do segundo mandato, separam-se as águas e proclama-se a propriedade dos bens da democracia ao ritmo de gerência autocrática, enquanto se vai construindo e cimentando um cercado que albergará informe subserviência.
Estaremos condenados a esperar uma dúzia e meia de anos, duas dúzias ou mesmo três, para que apareça nos pastos da política outro Chico esperto que nos cante a canção do bandido, qual pobre sacrificado, que se disponibilize a tratar da vida da populaça, enquanto se dispõe a enfrentar a pobreza mais franciscana?
Os Presidentes de Câmara assumem-se como cidadãos despojados de vaidades e de benesses pessoais, sobrando-lhes a nobreza do sofrimento pela causa pública.
São geralmente pessoas cujos sinais exteriores de riqueza são de proveniência natural, tanto mais que, na maioria dos casos nem um espelho compram, o que os impede de olharem de frente os custos da abnegada entrega…
Como diz Raul Solnado, o camarão é tão bom e sabem tão bem !...
Comprem uma vassoura chinesa…., e,… varram-nos.