UM ARQUIPÉLAGO CHAMADO PORTUGAL
A dúvida, quanto aos interesses do concelho na construção da barragem do Fridão, convidou-me a assistir a uma conferência patrocinada pela Câmara Municipal.
Dispenso-me de comentar a intervenção de carácter técnico e global, ali exposta pelos responsáveis da EDP Produção, porquanto é certo estarmos em presença de uma actividade que é o negócio daquela empresa, logo, todos os detalhes pró da construção daquele empreendimento estão devidamente estudados e estruturados nas várias vertentes.
Da parte do público assistente, os dedos de uma só mão chegam para contar as intervenções, sendo que uma delas pretendeu acrescentar alguma novidade na abordagem do tema, já que, quanto às restantes, registe-se a defesa do Contra a construção, defendidas por dois cidadãos, presumo que um deles de Arco de Baúlhe e outro de Amarante.
Fridão toca o concelho de Cabeceiras de raspão, daí ser legítimo questionar-se a oportunidade desta conferência.
Legitimidade, que também a têm, deve aceitar-se de todos quantos sentirão de facto, de uma forma ou de outra, os efeitos da barragem e, aos argumentos que sustentam as suas posições, devem contrapor-se argumentos.
Tornou-se claro, a partir de certo momento, que o interesse da Câmara Municipal era defender o Plano Nacional de Barragens, obviamente, porque resulta de uma opção governamental, logo, democraticamente inquestionável.
O momento acontece, a partir daquilo que entendo como um lapso de língua, perfeitamente ultrapassável quando se discute de boa fé, quando um cidadão interessado em discutir aquele tema, deixa escapar que se não fosse o burburinho provocado por uma abaixo assinado, a EDP não estaria ali.
Utilizando uma terminologia muito querida dos autarcas que têm em mãos os comandos concelhios, fez-se questão de dizer e fazer notar, com os modos que são infelizmente já habituais, que, respeitando embora as tretas (o termo é meu) que o atrevido circunstante escreve e diz, isso não lhe dá o direito de pensar pelos outros (nem por ele próprio, digo eu), porque a democracia faz-se quando se representa uma maioria e, essa, já há muito foi destinada no concelho.
Infiro daqui que, quem a tem, delimita e dita regras de democracia cá por estas bandas e, julgo ser convicção própria de que o 25 de Abril de 1974 teve o seu berço em Cabeceiras, tal é o desvario palaciano de quem procura momentos e locais para tentar desancar em quem ousa ter opinião diferente.
Quando escolhe este caminho, sabe que há sempre uma dúzia de mãos que batem freneticamente. O Outro está só. Mas, apesar de tudo, uma opinião é bastante, mais não seja, pelo incómodo.
Dar lições de democracia, implica desde logo saber daquilo de que se fala, e, quando a tentação nos empurra para um passo maior, não devemos esquecer pormenores que nos podem desmentir.
É o caso de um pequeno apontamento inserto no Jornal de Notícias, relativa ao casamento dos homossexuais, onde o exercício de consciência de alguns arautos da democracia, sucumbem perante a exigência partidária.
Perante isto, seria um destemor impróprio de um ingénuo democrata, ou ate, um inculto na política, perguntar que espécie de democracia é esta?
Sentir a brisa democrática é muito mais importante que estender Cabeceiras até ao fim do mundo.
Em momentos destes, pressente-se a gélida fragilidade das posições do Senhor, pelo que requer aconchego de um coadjuvante.
Sem se desviar do rumo traçado e no que ao tema Fridão se refere, a intervenção coajuvante, mostrou-se colaborante e corroborante como se impõe, construída na base de conceito peremptório que exala cheiro a democracia de quartel, fundamentalmente porque entende que os outros falam sem conhecimento de causas/ efeitos e baseados em pressupostos geralmente errados (tanto iluminismo).
Apesar da sua insuficiência argumentaria, nomeadamente pela forma como se embrulhou com lateralidades sobre o rio Tâmega e como pretendeu responsabilizar os outros pelos malefícios de que ele padece, ele que tanto gosta das zonas ribeirinhas, admitiu implicitamente no vácuo da sua oratória que o nosso concelho pouco ou nada será afectado pela obra de Fridão. Apesar d’isto e porque entende, também, que os outros não devem ter opinião, há que ajudar a calá-los e dar seguimento a desígnios nacionais, imaginando, logo impondo, o compulsivo uníssono pelo Plano Nacional de Barragens.
E é neste contexto de sã e genuína convivência democrática, que um responsável da EDP, aquando da prestação de um esclarecimento tem também, porventura, um lapso de língua e diz “não estou aqui para polémicas”.
É a democracia no seu esplendor.
Dispenso-me de comentar a intervenção de carácter técnico e global, ali exposta pelos responsáveis da EDP Produção, porquanto é certo estarmos em presença de uma actividade que é o negócio daquela empresa, logo, todos os detalhes pró da construção daquele empreendimento estão devidamente estudados e estruturados nas várias vertentes.
Da parte do público assistente, os dedos de uma só mão chegam para contar as intervenções, sendo que uma delas pretendeu acrescentar alguma novidade na abordagem do tema, já que, quanto às restantes, registe-se a defesa do Contra a construção, defendidas por dois cidadãos, presumo que um deles de Arco de Baúlhe e outro de Amarante.
Fridão toca o concelho de Cabeceiras de raspão, daí ser legítimo questionar-se a oportunidade desta conferência.
Legitimidade, que também a têm, deve aceitar-se de todos quantos sentirão de facto, de uma forma ou de outra, os efeitos da barragem e, aos argumentos que sustentam as suas posições, devem contrapor-se argumentos.
Tornou-se claro, a partir de certo momento, que o interesse da Câmara Municipal era defender o Plano Nacional de Barragens, obviamente, porque resulta de uma opção governamental, logo, democraticamente inquestionável.
O momento acontece, a partir daquilo que entendo como um lapso de língua, perfeitamente ultrapassável quando se discute de boa fé, quando um cidadão interessado em discutir aquele tema, deixa escapar que se não fosse o burburinho provocado por uma abaixo assinado, a EDP não estaria ali.
Utilizando uma terminologia muito querida dos autarcas que têm em mãos os comandos concelhios, fez-se questão de dizer e fazer notar, com os modos que são infelizmente já habituais, que, respeitando embora as tretas (o termo é meu) que o atrevido circunstante escreve e diz, isso não lhe dá o direito de pensar pelos outros (nem por ele próprio, digo eu), porque a democracia faz-se quando se representa uma maioria e, essa, já há muito foi destinada no concelho.
Infiro daqui que, quem a tem, delimita e dita regras de democracia cá por estas bandas e, julgo ser convicção própria de que o 25 de Abril de 1974 teve o seu berço em Cabeceiras, tal é o desvario palaciano de quem procura momentos e locais para tentar desancar em quem ousa ter opinião diferente.
Quando escolhe este caminho, sabe que há sempre uma dúzia de mãos que batem freneticamente. O Outro está só. Mas, apesar de tudo, uma opinião é bastante, mais não seja, pelo incómodo.
Dar lições de democracia, implica desde logo saber daquilo de que se fala, e, quando a tentação nos empurra para um passo maior, não devemos esquecer pormenores que nos podem desmentir.
É o caso de um pequeno apontamento inserto no Jornal de Notícias, relativa ao casamento dos homossexuais, onde o exercício de consciência de alguns arautos da democracia, sucumbem perante a exigência partidária.
Perante isto, seria um destemor impróprio de um ingénuo democrata, ou ate, um inculto na política, perguntar que espécie de democracia é esta?
Sentir a brisa democrática é muito mais importante que estender Cabeceiras até ao fim do mundo.
Em momentos destes, pressente-se a gélida fragilidade das posições do Senhor, pelo que requer aconchego de um coadjuvante.
Sem se desviar do rumo traçado e no que ao tema Fridão se refere, a intervenção coajuvante, mostrou-se colaborante e corroborante como se impõe, construída na base de conceito peremptório que exala cheiro a democracia de quartel, fundamentalmente porque entende que os outros falam sem conhecimento de causas/ efeitos e baseados em pressupostos geralmente errados (tanto iluminismo).
Apesar da sua insuficiência argumentaria, nomeadamente pela forma como se embrulhou com lateralidades sobre o rio Tâmega e como pretendeu responsabilizar os outros pelos malefícios de que ele padece, ele que tanto gosta das zonas ribeirinhas, admitiu implicitamente no vácuo da sua oratória que o nosso concelho pouco ou nada será afectado pela obra de Fridão. Apesar d’isto e porque entende, também, que os outros não devem ter opinião, há que ajudar a calá-los e dar seguimento a desígnios nacionais, imaginando, logo impondo, o compulsivo uníssono pelo Plano Nacional de Barragens.
E é neste contexto de sã e genuína convivência democrática, que um responsável da EDP, aquando da prestação de um esclarecimento tem também, porventura, um lapso de língua e diz “não estou aqui para polémicas”.
É a democracia no seu esplendor.
3 Comments:
Gostei de ler a sua prespectiva acerca do debate, tenho pena que não tenha interpelado os oradores com a opiniao que demonstra aqui, pois parece-me que tinha algo a acrescentar ao debate, que mais não fosse numa prespectiva de cidadania e dever civico para que se saiba lidar com a diferença.
Tambem não gostei de presenciar o incomodo que as opinioes distintas causavam naquele debate.Mas acho que as opinioes já fundamentadas, e fechadas a novidades que o debate poderia trazer,tambem não permitiram que o mesmo tivesse melhor resultado.
Considero falivel as opinioes dos empreendedores do projecto, porque lhes interessa que seja levado a bom porto, mas ao mesmo tempo acredito na boa fé dos mesmos, e realmente eles não sao os responsaveis pelo PNBEPH,e apenas se limitaram a concorrer e a vencer o concurso.
as responsabilidadesficarao sempre do lado de quem tomou as decisoes politicas,e de quem as consentiu, esses sim deveriam estar no debate, interpelados por alguem convidado no sentido de expor os dois lados, é nesse sentido que me pareceu infeliz a escolha dos oradores do debate.
Se este debate serviu para alguma coisa, ficaríamos todos contentes como cabeceirenses, que o senhor Arquitecto Carlos Leite que é do vizinho concelho de Celorico, se tivesse apercebido de como funciona a democracia musculada cá na terra e os impropérios e vitupérios que são destinados a todos aqueles que têm uma opinião diferente, do democrata Presidente da Câmara. Será para isto que se fez o 25 de Abril? Agora, só falta mesmo um debate da barragem com a espanhola Iberdrola e com o Dr. Pina Moura, para que o casino e a bolsa de apostas fique completa. Estamos condenados a que as barragens nos dêem água pela barba e encham os bolsos de alguns (poucos) Abraço
Caro Ilídio dos Santos.
Não creio que o Plano de Barragens nos bata de raspão. A albufeira atinge toda a zona de Cabeceiras encostada ao Tâmega: Vila Nune, Arco de Baúlhe, Pedraça e Cavez.
Isto para não falar da Barragem no Rio Beça que para além de destruir um dos últimos selvagens e impolutos, vai alagar, em Gondiães, o concelho virado a Boticas.
Mas a discussão está em se realmente damos aval e agimos passivamente a esta negociata. Coisa tal que serve de combustível ao permanente pulo de gente do governo - rosa ou laranja - para lugares de admnistração em coorporações que ficam sempre com os grandes projectos do Estado.
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