quarta-feira, novembro 19, 2008

EM BUSCA DE UMA MAIORIA

A plataforma sindical que representa os professores, na reunião que teve lugar no ministério no dia de hoje, foi aquilo que se pode dizer que, antes de o ser já não o era.
Dificilmente se entende que, perante as ~declarações assumidas publicamente, reveladoras de posições extremadas quanto ao processo de avaliação dos professores, se conclua, volvidos 10 ou 15 minutos , já nada mais havia para discutir.
Em democracia, o diálogo é a forma mais racional quando se pretende conseguir uma plataforma de entendimento, que conduza as partes no respeito pela sua dignidade institucional, não sendo necessariamente obrigatório nem sequer desejável a vitória de uns e a derrota de outros.
Aberta esta porta para conversações, na certeza de que ao ministério interessava também uma saída para esta crise, não se entende a posição da Frente Comum, quando eliminou à partida qualquer desenvolvimento nas conversações, enquanto o ministério não se decidisse pela pura e total suspensão do processo de avaliação de desempenho.
É já evidente que, a componente política de desgaste do governo é uma realidade que, à boleia de movimentos que se manifestam, pretendem atingir objectivos que visam as próximas eleições legislativas.
Enquanto que a maioria dos manifestantes, dos 120 000 que desfilaram em Lisboa, tem como objectivo principal a defesa de proveitos pessoais, Mário Nogueira já há muito delineou estratégia e objectivos bem distintos.
Do rumo ou posição que o Governo assumir perante esta crise, dependerá a nova maioria absoluta de José Sócrates e do Partido Socialista no próximo ano.
Esta maioria jamais será alcançada se o Governo claudicar perante as exigências dos professores.
Realisticamente, podendo embora parecer um paradoxo, é um dado adquirido que o Partido Socialista jamais recuperará o eleitorado que vem perdendo à esquerda, logo, a sua atenção tem que incidir sobre o eleitorado de centro e centro direita.
Para que nos entendamos e dando como adquirido que o valor do voto é igual, quer seja de esquerda quer seja de direita, não é menos verdade que os eleitores à direita do PS, também e especialmente os menos letrados, gostam de uma democracia musculada e de um governo que mostre quem manda.
Perante o panorama politico português, nomeadamente a falência de estratégia e de ideias do PSD e dado que o Partido Socialista há muito virou um saco de gatos, uma sopa de pedra vem mesmo a calhar.
Não interessa para o caso, a menos que o arrependimento mate, lembrar a traição de que a esquerda do PS tem sido vitima.
Afinal o comprometimento é já tão grande que até um FURACÃO sopra como uma brisa, cumprindo a originalidade deste País.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há que entender a postura dos sindicatos. Representam os professores e receberam o mandato de os representar e não os trair como o fizeram de uma forma infâme em Março deste ano quando assumiram um memorando de entendimento contra a vontade da esmagadora maioria dos professores. Diga-se o que se disser, este modelo de avaliação não serve. Mas eu como professor quero ser avaliado, mas de uma forma justa. Então, o ministério publica um decreto que refere que o objectivo do modelo é promover e premiar o mérito e a excelência na escola, mas no meu departamento, como há 2 vagas para professor titular já ocupadas, eu nem que seja o melhor professor do mundo, nunca ascenderei na carreira porque essas duas vagas já estão ocupadas. Será isto um verdadeiro socialismo e uma política de esquerda???? Não me parece. Mas o Sr. Ilídio ignorará por certo, que hoje as escolas estão entupidas de papéis.Mas acredite que eu não lhe estoua mentir. A função nobre de ensinar não passa de uma falácia. Saio a maior parte dos dias da semana da escola às 21 horas e entro diariamente às 8.45 horas. Mas qd chego a casa janto, dou um beijo na mulher e vou para o computador organizar o Projecto Curricular de Turma, as planificações de aulas para o portfolio e deito-me lá para a 1.30 horas da manhã para estar acordado às 7.30 horas para ir trabalhar. Escusado será dizer-lhe que eu que até há uns 3, 4 anos atrás adorava ensinar, não tenho grande motivação para isso, porque sr. Ilídio, estou cansado. Entro cansado na escola e saio cansado. Foi esta a brilhante reforma que a nossa ministra, que v. ex.cia pelo que li, admira, inventou. Vc ex.cia que eu tenho lido em jornais locais como um homem de esquerda, defensor dos mais fracos, dos excluídos e de causas justas, mas que já o li, é um admirador desta ministra. Pois bem sr. ilídio, se V. Ex.cia tiver filhos na escola pergunte-lhes neste momento, se os respectivos professores estão motivados e se eles como alunos sentem que têm evoluído nas matérias. É que os professores, Sr. Ilídio, são seres humanos como o senhor e como o senhor com toda a certeza exigiu sempre respeito dos seus superiores enquanto trabalhou, os professores que têm o dever e a função de preparar as gerações deste país também pedem respeito, porque tb são seres humanos como os outros e têm família. Ou será que a vida só deve ser vivida pelos ricos ou pelos aposentados? Cordiais cumprimentos

3:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Professor Sousa Pereira,
permita-me que considere o seu comentário excelente. O Professor descreveu com prosa cristalina, aposto que é da vetusta ciência das línguas, o cenário semiótico da "educação" em Portugal.
Já os antigos gregos, os pré socráticos, desconfio, ensinavam que só se ensina o que se não sabe.
Ora, o Senhor deixou de saber o que é SER Professor. Ensine isso.

3:32 da tarde  
Blogger Ilidio Santos said...

Professor Sousa Pereira,
Ensinar é uma função tão nobre como qualquer outra, já não o é, quando admitimos turmas segregadoras (chamadas dos bons e dos menos capazes). Em nome do bom ensino público?
Porque somos humanos, somos todos iguais e todos diferentes.
Iguais, especialmente os tais mais fracos e excluídos, aqueles que a força dos professores sempre esquece.
Diferentes, logo, não podemos aceder todos por igual ao topo de carreira.
Não apelemos em vão aos verdadeiros socialistas e às políticas de esquerda, esquecendo a trindade “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” (Leia neste blogue “Por uma Democracia Solidária”).
Quanto aos aposentados, obviamente que, naquele contexto, está a pensar nos professores!...
Ouvi no programa Prós e Contras a professora Maria do Céu Romão e fiquei mais esclarecido.
Fico ciente do seu empenho para ensinar.

11:34 da manhã  

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