quinta-feira, maio 24, 2007

Se atentarmos na imprensa, deparamo-nos com um angustiante silêncio, como quem espreita uma oportunidade segura para espreitar pela nêsga e clamar aflitivamente por um pequeno momento de liberdade.
Com tanto barulho à volta do caso vivido pelo professor Charrua na DREN, esquecemo-nos cautelosa e habilidosamente dos milhares de casos semelhantes que as gentes deste País enfrentam diariamente nos seus locais de emprego.
Condicionados pela contratualização do trabalho, poucos são aqueles que ousam assumir a dignidade.
O professor Charrua, antigo deputado pelo PSD, tem notoriamente uma capacidade de intervenção pública e de apelo aos média, pouco comum à maioria dos perseguidos deste País.
Nada disto é novo, sabe-mo-lo todos, basta inteirar-mo-nos sobre o que se passa nos mais variados locais de trabalho e, para início de questão, nas Câmaras Municipais.
O Ministro Mário Lino disse que o Poceirão, local alternativo à localização do aeroporto da OTA, é um deserto.
Caíu o Carmo e a Trindade só porque o homem disse a verdade.
De facto somos como os rebanhos, precisamos de pastores que nos mantenham dentro de um círculo.
Embalados pela conversa de interesseiros militantes que chamam de irresponsável o Ministro, não queremos a verdade. De facto aquilo é um deserto. O ministro tem razão.
Mas o que é o País senão um enorme deserto de seriedade, de ideias, de democracia e de carácter?
Não peçam milagres, forcem a inteligência.